A terapia do Esquema como Prática Clínica

A terapia do esquema é uma abordagem integrativa, estruturada e sistemática que teve sua origem como extensão da Terapia Cognitivo-Comportamental para tratar pacientes caracterológicos e transtornos de personalidade, com o tempo desenvolveu sua própria identidade.  Desenvolvida no período da revolução cognitivista pelo psicólogo estadunidense Jeffrey Young, combina aspectos dos modelos cognitivo, comportamental, teoria do apego, psicodinâmica (especialmente relações objetais), psicanálise e da Gestalt, é uma abordagem que se diferencia pela ênfase à investigação das origens dos problemas psicológicos da infância e por considerar a relação terapêutica como parte vital do tratamento.

  Com o objetivo de tornar o sujeito um adulto saudável, Young identificou 18 padrões de comportamentos, sentimentos e ações aos quais chamamos de esquemas e os conceituou como esquemas desadaptativos remoto, quando desenvolvidos na infância. Basicamente a criança se adapta a uma determinada situação que lhe cause desconforto ou trauma e futuramente na idade adulta esse comportamento se torna desadaptativo causando danos em seus relacionamentos, afetando diversos aspectos de sua vida. Podemos tomar como exemplo a seguinte situação: Uma mãe trabalha fora o dia inteiro e quando chega em casa seu filho quer colo o tempo todo, onde ela vai ele vai atrás, isso acontece porque a criança foi privada da presença da mãe o dia todo e é normal querer muito mais atenção quando a tem por perto (é como ficar sem beber água por muito tempo, quando tiver acesso à água vai beber muito de uma só vez). Como resposta essa mãe briga com a criança, manda brincar e parar com aquilo, porque ela está ocupada, ainda tem o jantar para fazer e um relatório do trabalho para entregar. O comportamento da criança e a resposta da mãe repetidas vezes fará com que a criança não peça mais a atenção que precisa, para que a mãe não brigue com ela novamente. Com o passar do tempo, a criança vai crescendo, e desadaptativamente pode passar a ter dificuldade para se conectar com os outros, a ter problemas com confiança e autoestima, a ter medo de iniciar relacionamentos.

  Consideramos 5 necessidades emocionais na infância e cada criança demanda de maneira diferente, simplesmente porque o ser humano é subjetivo. São elas:

Vínculos seguros com os outros indivíduos (inclui segurança, estabilidade, cuidado e aceitação);

  • Autonomia, competência e sentido de identidade;
  • Liberdade de expressão, necessidades e emoções válidas;
  • Espontaneidade e lazer;
  • Limites realistas e auto controle.

  Os esquemas foram divididos em 5 domínios baseados nas necessidades emocionais que não foram atendidas e divididos em esquemas condicionais e incondicionais, onde esquemas condicionais geralmente se desenvolvem como forma de obter alívio quanto a um esquema incondicional, o que não é saudável e geralmente leva o indivíduo a autossabotagem. No desenvolvimento do modelo, Young identificou:

  • 3 estilos de enfrentamento – Resignação, evitação e hipercompensação, que são relacionados as respostas básicas à ameaças (lutar, fugir e paralisar);
  • Respostas de enfrentamento, que são os comportamentos através dos quais os estilos são expressados;
  • 10 modos de esquemas, que pode ser definido como uma parte do self desconectada em algum nível de outros aspecto do self. Acontece quando o sujeito, já adulto assume determinada postura durante uma resposta de enfrentamento como por exemplo modo pai/mãe punitivo, modo criança impulsiva, modo criança zangada e é uma identificação clara, o sujeito volta a se comportar como aquela criança que não teve suas necessidades atendidas.

  Na prática clínica durante a primeira fase é realizada a avaliação do caso, construção do vínculo terapêutico oferecendo a afetividade, segurança e suprindo as necessidades emocionais básicas que fizeram falta na infância do paciente. São identificados, os esquemas, investigada suas origens e as estratégias que o paciente usa para lidar com esses eles. Na segunda fase é trabalhada a modificação de esquemas, possibilitar sua ressignificação a partir de modelos mais saudáveis de relacionamento. Para chegar nesses dados, podem ser utilizadas diversas técnicas psicológicas, como a escuta diferenciada, o questionário de esquemas de Young, as tarefas de casa, tradicional na abordagem cognitivo-comportamental. Podemos conhecer a história de vida dos pacientes, identificar seus esquemas, estilos de enfrentamento e modos, com o objetivo de tornar o sujeito um adulto saudável trabalhando emoções, comportamentos e reações.

  Dessa forma, utilizando conceitos de psicoeducação, confrontação empática, reparação parental e a relação terapêutica, psicoterapeutas do esquema vem trabalhando cooperativamente com seus pacientes para que consigam passar a maior parte do tempo no modo adulto saudável.

Artigos Relacionados

Os melhores conteúdos para sua carreira, direto na sua caixa de entrada.
Inscreva-se para receber no e-mail conteúdos exclusivos e em primeira mão

Não perca a chance de aprimorar seus conhecimentos!

Inscreva-se agora para a próxima turma da Formação Clínica em Terapia do Esquema e Neurociência com aspectos em Psicologia Positiva 2.0
Potencializando a prática clínica com ciência!!