Fred Luskin, diretor do Projeto Perdão da Universidade de Stanford, investigou profundamente o poder do perdão após ser magoado por um amigo. Ele demonstrou que essa prática não apenas alivia traumas psicológicos, mas também pode impactar positivamente questões emocionais, desde a perda financeira até traumas severos, como a morte de uma criança.

O cerne da terapia proposta por Luskin é a responsabilidade emocional e a realidade dos desafios da vida. Ao perdoar, não apagamos os eventos passados, mas retiramos sua importância, permitindo encontrar paz e seguir adiante. O perdão, segundo Luskin, não impede buscar reparação justa, mas encoraja a fazê-lo sem rancor.

Um equívoco comum é confundir perdão com reconciliação. Para Luskin, reconciliar-se significa decidir se continuar ou não a interagir com quem nos magoou, enquanto perdoar implica deixar para trás a raiva e o desespero, não necessariamente retomando a relação.

O perdão, esclarece Luskin, não exige esquecimento. Lembrar é crucial para aprender com o passado, protegendo-nos de repetir situações dolorosas. A raiva também não é negada; pelo contrário, é canalizada de maneira produtiva. Perdoar, enfatiza Luskin, não é aceitar o mau comportamento, mas sim uma escolha que beneficia o ofendido, não o ofensor.

Em seu projeto em Stanford, Luskin comprovou que o perdão não é apenas benéfico psicologicamente, mas também fisicamente. Participantes apresentaram redução significativa do estresse e melhorias em sintomas físicos, como dores no peito e insônia. Os benefícios persistiram por meses.

Em “O Poder do Perdão”, Luskin descreve como a mágoa, embora normal, torna-se prejudicial quando retida. O pesquisador propõe nove passos para o perdão, desde expressar os sentimentos até modificar a narrativa para destacar a escolha heróica de perdoar.

Em resumo, o perdão, conforme delineado por Luskin, não é condescendência, esquecimento ou aceitação passiva. É uma habilidade que pode ser aprendida, uma escolha que promove controle emocional, melhora a saúde mental e física, e capacita o indivíduo a se tornar herói, não vítima, de suas circunstâncias. Diante dos impactos positivos, Luskin passou a ensinar essa prática, formando terapeutas e disseminando os benefícios do perdão em diversas áreas da vida.

Fonte: Livro – O Poder Terapêutico do Perdão – Adriana Santiago – Editoria Leader 

28/11/2023