Como Dar Limites para Nossos Filhos de Forma Saudável?

Dar limites aos filhos é uma das tarefas mais desafiadoras na criação de uma criança. É um processo que exige paciência, empatia e, acima de tudo, uma abordagem que respeite o desenvolvimento emocional dos pequenos.  

 

 

Uma das questões mais importantes é entender que bater não educa. A violência física, mesmo que seja “só um tapinha”, pode deixar marcas profundas e duradouras na vida de uma criança. Bater não é uma forma de ensinar ou de impor respeito; é um ato autoritário que diminui e despotencializa o ser em desenvolvimento. A ideia de que “só um tapinha não dói” é um mito perigoso. Esse “tapinha” pode ser gravado na memória da criança como um sinal de que violência é uma resposta aceitável para resolver conflitos ou impor autoridade. Pior ainda, pode fazer com que essa criança cresça acreditando que, se as pessoas que deveriam amá-la e protegê-la recorreram à violência, outras pessoas têm ainda menos limites para machucá-la. 

 

Embora nem todas as pessoas que sofreram violência na infância se tornem violentas, o impacto negativo é inegável. Muitas podem se tornar defensores dos que sofrem violência, enquanto outras podem evitar contato social para não reviverem as dores do passado. De qualquer forma, a agressão física ou verbal é um trauma que molda a forma como vemos o mundo, distorcendo e determinando nossas percepções. 

 

A Importância de um Ambiente Familiar Saudável 

Mudar o professor ou aumentar a carga de estudos não vai resolver os problemas de aprendizado ou comportamento de uma criança. O que realmente faz a diferença é melhorar o clima emocional dentro de casa. Quando uma criança se sente segura e emocionalmente equilibrada, o seu cérebro, especialmente o hipocampo, pode funcionar de maneira mais eficaz, facilitando o aprendizado e a compreensão do mundo. 

 

Como Gabor Maté diz em seu livro *O Mito do Normal*, “o trauma, especialmente o severo, impõe uma visão de mundo matizada de dor, medo e desconfiança. Ele é uma lente que ao mesmo tempo distorce e determina nossa visão de como as coisas são”. Portanto, a realidade de uma criança é moldada por suas memórias emocionais do passado. Se queremos que nossos filhos tenham uma vida boa, precisamos oferecer a eles um ambiente emocionalmente equilibrado, sem autoritarismos, gritos ou exigências irreais. 

 

 

 

 

 

 

Evitando Expectativas Irreais 

 

Muitos pais têm sonhos para seus filhos: que sejam médicos, advogados, ou que alcancem outras realizações que consideram importantes. No entanto, é essencial lembrar que nossos filhos não são realizadores dos nossos sonhos, mas sim dos seus próprios. Forçar uma criança a seguir um caminho que não é o dela pode gerar frustração, baixa autoestima e infelicidade. 

 

Antes de estabelecer limites, é importante refletir sobre o que você gostaria que seus próprios pais tivessem feito por você quando era criança. Esse exercício de empatia pode ajudar a entender melhor as necessidades dos seus filhos e a evitar repetir erros do passado. 

 

——- Dicas para Impor Limites de Forma Saudável ———– 

  1. Nunca bata no seu filho

Em nenhuma hipótese, bata no seu filho. Ao fazer isso, você pode estar criando um ambiente propício para o desenvolvimento de transtornos de personalidade, como borderline, antissocial ou narcisista. Além disso, a criança pode crescer se tornando uma pessoa subjugada ou auto-sacrificada, incapaz de dizer “não” e perpetuando o ciclo de agressão em suas futuras relações amorosas. Bater é não só um ato de violência, mas também um crime, que pode resultar em uma pessoa emocionalmente adoecida e que adoece os outros ao seu redor. A melhor abordagem é sempre conversar, corrigir com firmeza, mas sem ofensas ou violência. 

  1. Seja um exemplo

Além de conversar, seja um modelo para a sua criança. Se você quer que ela leia mais, comece você mesmo a ler. Lembre-se: “A palavra conduz, mas o exemplo arrasta”. Não adianta pedir que seu filho largue o celular se você mesmo passa horas nele. Se você quer que ele coma alimentos saudáveis, mostre que você também os consome. As crianças aprendem muito mais observando o que fazemos do que ouvindo o que dizemos. 

  1. Cumpra o que prometer: 

Se você ameaçar um castigo, certifique-se de que seja algo que você pode cumprir. Se não o fizer, suas palavras perderão credibilidade e a criança não levará suas ameaças a sério no futuro. 

 

  1. 4. Harmonia entre os pais: 

Tanto para pais casados quanto para separados, é crucial que as decisões sobre a educação dos filhos sejam tomadas em comum acordo. Discrepâncias constantes entre as figuras parentais criam confusão e insegurança nas crianças. 

 

 

  1. 5. Evitar críticas destrutivas:

 Comparações e críticas negativas podem ter um impacto devastador na autoestima de uma criança. Palavras negativas têm um peso muito maior do que as positivas, e podem causar danos emocionais significativos. 

 

Conclusão 

Criar um ambiente emocionalmente saudável para os filhos é fundamental para seu desenvolvimento. Estabelecer limites com amor e respeito, sem recorrer à violência ou críticas destrutivas, ajuda a criar indivíduos emocionalmente equilibrados e capazes de enfrentar os desafios da vida. É um desafio, mas também uma responsabilidade imensa que temos como pais, mães e educadores. 

 

Lembre-se: o que queremos é que nossos filhos se tornem realizadores dos próprios sonhos, e não meros cumpridores das expectativas alheias. Portanto, ofereça a eles um ambiente seguro e amoroso, onde possam crescer e se desenvolver de maneira saudável e feliz. 

19/08/2024

Adriana Santiago

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