Mãe é mãe. É o que ouvimos por aí, não é? Parece que, ao nos tornarmos mães, precisamos anestesiar qualquer sentimento de raiva, desafeto ou frustração. Mas será que a maternidade traz essa sabedoria inata, esse anestesiamento das emoções desagradáveis? Será que, na maternidade, temos um amor instantâneo e incondicional, uma resiliência infinita? Será que é assim mesmo? E será que ter filho é a melhor coisa do mundo, que toda mulher precisa experimentar?
Será que não podemos nos angustiar quando vemos aquela criaturinha pequena ali, e não sabemos o que fazer porque talvez não tenhamos aprendido na infância? Muitas vezes, a maternidade é um ciclo transgeracional de falta de preparação e aprendizado. As mães idealizam o filho perfeito, mas quando ele chega com temperamentos diversos, chorando muito ou sendo muito ansioso, nem sempre corresponde às expectativas brilhantes que temos no mundo das ideias. E isso pode ser extremamente frustrante.
A maternidade não é uma tarefa fácil. Existem cobranças de todos os lados: físicas, emocionais, hormonais e sociais. A sociedade entende que educar é uma tarefa prioritariamente feminina. E quando se pensa em educação, automaticamente se traz a ideia de que é a mãe quem precisa educar e cuidar. Isso sobrecarrega as mães, que muitas vezes também são responsáveis por prover economicamente a família. Com essa responsabilidade exacerbada, vem a culpa. Se o filho mente, a culpa é da mãe. Se ele se desvia dos trilhos esperados, a culpa também é da mãe. Normalizamos a ausência paterna, mas crucificamos a mãe por qualquer deslize.
Essa sobrecarga emocional faz com que as mães sintam raiva, tristeza e, muitas vezes, depressão. A sensação de incompetência pode ser esmagadora. A sociedade impõe a ideia de que a mãe deve ser exemplar, quase santa, o que causa frustração tanto para a mãe quanto para os filhos, que acabam acreditando que a mãe deve ser perfeita, sempre presente e atenciosa. Isso pode levar a decepções, depressões e transtornos de personalidade.
É importante entender que ser mãe não é fácil. As mães precisam de apoio e reconhecimento. Precisam falar sobre suas emoções e dificuldades sem medo de serem julgadas. A maternidade não deve ser um peso solitário. Mães, vocês podem e devem reclamar, expressar suas emoções e buscar ajuda. A maternidade é uma jornada desafiadora e ninguém deve enfrentar isso sozinha. Reconhecer e falar sobre as dificuldades é o primeiro passo para uma maternidade mais saudável e equilibrada.
Por fim, a tendência ao apego é essencial para o desenvolvimento saudável do bebê. O vínculo mãe-filho é a base para construir um amor duradouro e seguro. Responder ao choro e às necessidades do bebê fortalece esse laço, promovendo confiança e segurança. Cada momento de cuidado e atenção conta.
Então, mães, lembrem-se: é legítimo sentir raiva, medo e frustração. Falar sobre essas emoções é fundamental para uma maternidade mais saudável e feliz. Você não está sozinha nessa jornada.
30/07/2024