A Terapia do Esquema amplia os tratamentos e conceitos das tradicionais terapias cognitivo comportamentais e traz como um de seus enfoques principais a investigação das origens dos distúrbios psicológicos. O esquema, resumidamente, é um padrão que provoca comportamentos e pensamentos que podem ter papel disfuncional e, assim, causar sofrimento.
O terapeuta, jogando luzes em períodos precoces do desenvolvimento humano, como na infância e adolescência do sujeito, aborda a origem dos esquemas e os estilos de enfrentamento que o paciente desenvolveu para lidar com as diferentes situações apresentadas em sua vida.
O que são estilos de enfrentamento?
Estilos de enfrentamento podem ser entendidos como padrões de comportamento utilizados como estratégia para atingir determinadas necessidades emocionais. Eles são expressos quando há frustração, ou seja, quando não há o atendimento de alguma necessidade emocional fundamental e podem se manifestar de diversas maneiras, em diferentes comportamentos, variando entre os indivíduos por conta de fatores biopsicossociais. Embora de certa forma funcionais na infância, essas estratégias acabam por ser desadaptativas na vida adulta quando contribuem para a perpetuação do esquema, que pode ser reforçado, evitado ou supercompensado em diversos níveis, como nos cognitivos, afetivos e comportamentais.
Esses estilos de enfrentamento não compõem diretamente o esquema, mas são uma reação do sujeito ao mesmo, ou seja, é a estratégia utilizada para lidar com o esquema ativado. Existem três tipos de estilos de enfrentamento desadaptativos:
- Resignação
- Evitação
- Hipercompensação
Na resignação, o “bicho interior” do sujeito congela, não luta nem foge. O indivíduo se rende ao esquema, entende como algo verdadeiro sobre si mesmo e o aceita como uma sentença. Assim, mesmo havendo sofrimento emocional age de modo a confirmá-lo e passa a adotar comportamentos que o fortaleça, o perpetuando.
Exemplo: Cátia tem esquema de abandono e seu estilo de enfrentamento é a resignação, ela selecionará pares para se relacionar que são inconstantes, que não têm interesse em formar vínculos, assim, acabará reforçando o seu esquema, e repetindo o fato de ser abandonada em sua vida.
Na evitação, o “bicho interior” foge, sai correndo da dor gerada pela ativação do esquema. Situações que ativam seus esquemas são evitadas. O sujeito age como se o seu esquema não existisse, ou seja, não o confronta, o nega. Devido a isso, pode inclusive buscar formas de anestesiá-lo, fazendo uso de substâncias ou comendo de forma compulsiva.
Exemplo: Renato apresenta a evitação como estilo de enfrentamento, e tem o esquema de fracasso ativado, ele acredita ser sem talento e mal-sucedido, por conta disso adiará suas tarefas e evitará desafios profissionais, não se expondo às situações pelo medo de falhar.
Na hipercompensação, ocorre a luta, o esquema é enfrentado. O sujeito age de forma oposta a ele, ou seja, pensa, sente e se comporta como se o contrário do esquema fosse verdade. As situações vividas na vida adulta tendem a ser o oposto das vividas na infância.
Exemplo: Letícia tem como estilo de enfrentamento a hipercompensação e foi extremamente controlada em sua infância, hoje, como adulta controla excessivamente outras pessoas e rejeita qualquer forma de influência.
O processo terapêutico, pautado na Terapia do Esquema, promove o reconhecimento do que se repete na vida do sujeito baseado em seus esquemas e estilos de enfrentamento, e por meio de uma “reparentalização limitada” auxilia no caminho para que o paciente se torne um adulto saudável.
Maria Teresa Santiago
Atendimento Clínica Social
Referências
Young, J. E., Klosko, J. S., & Weishaar, M. E. (2008). Terapia do esquema: Guia de técnicas cognitivo-comportamentais inovadoras. Porto Alegre: Artmed